Líder da extrema-direita questiona papel de Macron na Defesa
Le Pen tem dito repetidamente que Jordan Bardella, seu protegido e principal líder do partido União Nacional (RN, do nome original em francês Rassemblement National), será primeiro-ministro em caso de vitória.
Servir como comandante-chefe das forças armadas “é um título honorário para o Presidente, uma vez que é o primeiro-ministro que realmente puxa os cordelinhos”, afirmou Le Pen, citada pela agência norte-americana AP.
Para Le Pen, “o Presidente não poderá enviar tropas para a Ucrânia”, apesar de Macron se ter recusado a excluir essa opção.
O ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, reagiu de imediato à entrevista e escreveu nas redes sociais que “a Constituição não é honorífica”, segundo a agência francesa AFP.
Lecornu disse que, de acordo com a Constituição, o Presidente da República negoceia e conclui tratados, é o chefe das forças armadas e preside à defesa.
O texto constitucional estabelece que “o Presidente da República é o chefe das forças armadas”, e preside aos conselhos e comités superiores da defesa nacional, mas também que “o primeiro-ministro é responsável pela defesa nacional”.
Constitucionalistas afirmam que o papel exato do primeiro-ministro na política externa e de defesa parece estar sujeito a interpretações, segundo a AP.
Da última vez que a França teve um primeiro-ministro e um presidente de partidos diferentes, os dois concordaram em geral em questões estratégicas de defesa e política externa.
Desta vez, poderá ser muito diferente, dada a animosidade entre extrema-direita e extrema-esquerda, e o ressentimento de ambos os campos para com o Presidente centrista e amigo dos empresários, referiu a AP.
Le Pen está confiante de que o RN, que tem um historial de racismo e xenofobia, seja capaz de traduzir o triunfo nas eleições europeias no início de junho numa vitória nas legislativas a duas voltas em França.
A primeira volta terá lugar no domingo e a segunda, e decisiva, realiza-se uma semana mais tarde, em 07 de julho.
Macron convocou eleições antecipadas na sequência da derrota do seu partido, Renascimento, nas europeias, em que se ficou por metade da percentagem de votos do RN.