Documentos secretos revelam que EUA consideram Guterres muito complacente com a Rússia

Nos ficheiros é considerado que o secretário-geral das Nações Unidas estava muito empenhado em preservar o acordo de cereais e que estava disposto a acomodar os interesses da Rússia.

s Estados Unidos acreditam que o secretário-geral da ONU está muito disposto a ser complacente com os interesses russos, de acordo com as novas revelações com origem nos documentos secretos norte-americanos que foram difundidos das redes sociais.

Os documentos sugerem que Washington tem acompanhado António Guterres de perto, com conversas privadas entre o português e o seu adjunto, indica a BBC.

Os documentos contêm observações de Guterres sobre a guerra na Ucrânia e vários líderes africanos, nomeadamente sobre o acordo de cereais do Mar Negro, negociado pela ONU e pela Turquia em julho, após um grande receio de uma crise alimentar global.

Nos ficheiros é considerado que o secretário-geral das Nações Unidas estava muito empenhado em preservar o acordo e que estava disposto a acomodar os interesses da Rússia.

“Guterres enfatizou os seus esforços para melhorar a capacidade de exportação da Rússia mesmo que isso envolva entidades ou indivíduos russos sancionados”, refere o documento, que acusa o português de “minar os esforços mais amplos para responsabilizar Moscovo pela guerra na Ucrânia”.

Funcionários da ONU mostraram-se irritados com a alegação de que Guterres estava a ser complacente com a Rússia, frisando que o português deixou sempre bem clara a sua oposição à guerra.

Um alto funcionário da organização disse que não comentava alegados documentos secretos mas garantiu que as Nações Unidas são “impulsionadas pela necessidade de mitigar o impacto da guerra sobre os mais pobres do mundo”, o que “significa fazer o possível para reduzir o preço dos alimentos” e “garantir que os fertilizantes sejam acessíveis para os países que mais precisam”.

A Rússia queixa-se frequentemente que as próprias exportações de cereais e fertilizantes estão a ser prejudicadas devido às sanções internacionais e ameaçou pelo menos duas vezes suspender o acordo se as suas preocupações não forem atendidas.

Os cereais e fertilizantes russos não estão sujeitos a sanções internacionais, mas a Rússia diz ter dificuldades para garantir transporte e segurança.

 

Durante a última semana foram publicados nas redes sociais vários documentos militares e dos serviços de informações dos Estados Unidos, datados de fevereiro e março, relacionados com a invasão russa da Ucrânia e com alegados detalhes sobre os planos do “ocidente” no apoio a Kiev.

Os documentos, cuja autenticidade ainda não foi oficialmente confirmada, também apontam que os Estados Unidos vigiaram alguns dos países aliados de Washington, como a Ucrânia, Coreia do Sul ou Israel.