Oficiais militares rivais pedem unificação do comando dos dois exércitos
“É necessário nomear um único chefe de Estado-Maior para a instituição militar e iniciar a reunificação do exército”, salientaram, num comunicado conjunto divulgado após o encontro.
A Líbia vive uma grande crise política desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, atormentada por divisões entre Oriente e Ocidente e por interferência estrangeira.
O encontro permitiu avançar os trabalhos da Comissão Militar Mista 5+5, composta por cinco soldados de cada lado, em particular na difícil questão da presença em solo líbio de milhares de mercenários e combatentes estrangeiros.
A sua saída estava prevista no cessar-fogo assinado pelos membros desta mesma comissão em outubro de 2020.
As duas partes também concordaram em realizar patrulhas na fronteira, principalmente no sul, para conter o fluxo de migrantes, redes de contrabandistas e traficantes de todos os tipos.
A Missão de Apoio da ONU na Líbia (Manul) congratulou-se, através de um comunicado, com esta reunião e com o “diálogo importante” iniciado, assegurando que irá “continuar a apoiar as conversações sobre o aspeto de segurança da Comissão Militar Conjunta 5+5 e a plena implementação do acordo de cessar-fogo”.
A assessora especial do secretário-geral da ONU para a Líbia, Stephanie Williams, elogiou, através da rede social Twitter, “o espírito de cooperação e compromisso” dos dois exércitos, apontando este como “um modelo para a classe política”.
Dois governos rivais disputam atualmente o poder na Líbia, o governo de “união nacional” de Abdelhamid Dbeibah, sediado em Tripoli, rival do executivo de Fathi Bashaga, ex-ministro do Interior e também designado chefe de governo em 10 de fevereiro passado pela Câmara de Representantes, o Parlamento fixado no leste do país.
O leste e parte do sul são de fato controlados pelo marechal Khalifa Haftar, rival de Trípoli, que tentou sem sucesso conquistar militarmente o oeste da Líbia entre 2019 e 2020.
Uma dupla eleição, presidencial e legislativa, inicialmente prevista para dezembro para estabilizar o país, foi adiada indefinidamente, devido a divergências sobre a base legal das eleições e a presença de candidatos controversos.