Navio de pavilhão português apresado pelo Irão tem 25 tripulantes a bordo
O helicóptero utilizado pela Guarda Revolucionária para apresar o navio é um ‘Mil Mi-17’, da era soviética, que tanto a Guarda quanto os Huthis, rebeldes iemenitas, apoiados pelo Irão, usaram no passado para realizar ataques de comando a navios.
Em Lisboa, o Governo de Portugal confirmou o apresamento do navio de pavilhão português, indicou que está a acompanhar a situação, garantiu que não há cidadãos portugueses a bordo e que pediu esclarecimentos a Teerão.
Numa nota à imprensa, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português confirma tratar-se de um navio de carga, o MSC Aries, com pavilhão português (registo na Região Autónoma da Madeira), sendo a empresa proprietária a Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres.
No comunicado é indicado que o acompanhamento da situação está a ser feito sob coordenação direta do gabinete do primeiro-ministro, envolvendo os ministérios dos Negócios Estrangeiros, da Presidência, da Defesa Nacional e da Economia.
“Não há registo de cidadãos portugueses a bordo, seja tripulação ou comando. O Governo português está em contacto com as autoridades iranianas, tendo pedido esclarecimentos e solicitado informações adicionais”, refere o executivo.
Ao contrário de Portugal, o Exército israelita escusou-se hoje a comentar a abordagem por um helicóptero da Guarda Revolucionária Iraniana ao navio de pavilhão português alegadamente associado a Israel no Golfo Pérsico.
“Sem comentários”, disse um porta-voz militar israelita questionado pela EFE, depois de a agência Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária iraniana, ter anunciado que “um navio cargueiro associado ao regime sionista [Israel]” fora apresado.
O incidente ocorre no meio da tensão criada pelo ataque israelita ao consulado do Irão em Damasco, a 01 deste mês, que deixou sete membros da Guarda Revolucionária mortos. O Irão prometeu entretanto retaliar, tendo os Estados Unidos alertado para a possibilidade de Teerão responder durante o fim de semana.
O navio porta-contentores capturado está ligado à empresa ‘Zodiac Maritime’, parte do ‘Grupo Zodiac’, com uma frota de mais de 180 navios e pertencente ao bilionário israelita Eyal Ofer.
O navio saiu de Khalifa, nos Emirados Árabes Unidos, com destino a Nhava Sheva, na Índia, e a última posição recebida foi sexta-feira, exatamente no mesmo local perto do Estreito de Ormuz onde foi apresado.
As tensões, marcadas nos últimos seis meses pela guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, subiram recentemente com um bombardeamento a 01 de abril ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, que matou altos funcionários militares iranianos, e que foi atribuído a Telavive.