Greve de auxiliares deixa meio milhão de alunos sem aulas em Los Angeles
O segundo maior distrito escolar dos Estados Unidos, Los Angeles Unified (LAUSD), entrou hoje em paralisação devido a uma greve de três dias convocada pelo sindicato que representa 30 mil trabalhadores, deixando cerca de 500 mil alunos sem aulas.
Osindicato Service Employees International Union Local 99 representa assistentes dos professores, auxiliares de educação especial, condutores dos autocarros escolares, empregados de bar e auxiliares de limpeza. O sindicato dos professores, United Teachers Los Angeles, não declarou greve mas decidiu acompanhar o protesto e não comparecer às aulas.
O superintendente do distrito escolar, o português Alberto Carvalho, disse em conferência de imprensa que ia ser “um dia difícil” e criticou a falta de disponibilidade do sindicato Local 99 para negociar frente a frente.
“Acredito que esta greve poderia ter sido evitada, mas não sem as duas partes se sentarem à mesma mesa”, disse Alberto Carvalho. O responsável revelou que a última proposta do LAUSD foi um aumento recorrente de 23% na compensação e um bónus de 3% em dinheiro.
A proposta ficou aquém do requerido pelo sindicato, que luta por um novo contrato com o distrito que inclui aumentos salariais de 30% e um ajuste de mais 2 dólares por hora para toda a gente, a que chamam de “ajuste de equidade”. Pedem também contratação de mais pessoal e reformulação das horas de trabalho, que lhes permita trabalhar mais períodos completos em vez de períodos parciais.
Carvalho disse entender a frustração e a necessidade de reconhecer iniquidades na forma como estes trabalhadores foram compensados, e considerou que a proposta do distrito é “histórica”.
“Os nossos trabalhadores de auxílio são vitais”, afirmou.
Mas o superintendente português, que assumiu o cargo há menos de ano e meio, também disse acreditar que a greve não é motivada por problemas económicos nem de compensação.
“É uma forma expedita de criar uma greve”, afirmou Carvalho, referindo que se o impasse fosse económico ou salarial teria obrigado a um processo mais longo de negociação, em que as partes teriam de se encontrar para negociar.
O Local 99 cancelou a mediação que estava marcada, acusando o distrito de ter quebrado a confidencialidade e dado a informação à imprensa, não prosseguindo com negociações com o LAUSD. Segundo Carvalho, representantes de ambos os lados não chegaram a estar na mesma sala ou no mesmo edifício durante o processo.
Nos cartazes empunhados pelos trabalhadores que estão em greve, pode ler-se “Exigimos respeito”, “Chamados de heróis, tratados como zeros” ou “Respeitem-nos, paguem-nos”. Um trabalhador que falou à cadeia de televisão CBS News, Adrian Alvarez, disse que estão a pedir um salário condigno que lhes permita viver.
“Vivemos num estranho paradoxo como trabalhadores que ajudam a alimentar crianças e mal conseguimos alimentar os nossos filhos”, disse Alvarez.
Carvalho não dormiu em casa na véspera da greve e afirmou que continuaria a colocar-se à disposição para negociar. “As negociações não se baseiam em posições fixas”, afirmou. “Queremos chegar a um contrato histórico”.
Para mitigar os efeitos da greve em cerca de meio milhão de alunos, o superintendente Alberto Carvalho anunciou várias medidas que estarão em vigor até 23 de março, último dia de greve. Entre elas, a abertura de 154 escolas, 30 centros e 73 bibliotecas com supervisão para que as crianças possam lá ficar enquanto os pais trabalham.
Vários locais irão oferecer comida para que as crianças que dependem do almoço na escola não passem fome e locais como o Jardim Zoológico oferecem entradas a preços muito baixos a quem apresentar cartão escolar.
Carvalho lembrou que os alunos passaram por anos difíceis, depois dos encerramentos por causa da pandemia de covid-19, e esta situação não os ajuda. “Para mim, um dia sem escola já é demasiado.